16 de jan. de 2009

Momento MAYSA

Desalento

Era como se uma lâmina muito fina o tivesse perfurado. Se foi uma lâmina, uma grossa faca, uma serra, ou qualquer outro objeto cortante, ninguém poderia sentir aquela dor. Ela era só dele. Deitado em seu leito, quase que em posição fetal, restava lá, seus podres restos.  Gemidos, gemidos bem diferentes aos de prazer, eram proferidos por seus lábios quase cerrados. Os lençóis estavam molhados de lágrimas que não paravam de sair de seus olhos inchados. Ai se houvesse uma  arma  naquele  recinto. Não  hesitaria  de  puxar  o 
gatilho, nem que fosse contra suas próprias têmporas. Talvez aquela dor pudesse cessar. O copo cheio de gim ficava no criado mudo. Algumas garrafas vazias completavam o ambiente, ambiente este muito diferente ao que havia sido planejado para quando estivessem juntos. Os sinais de que ele não mais dividia aquele espaço com ninguém eram notórios. Roupas e mais roupas jogadas no chão. Um amontoado delas, espalhadas por todos os cantos. Cantos que testemunhavam calados uma dor, e não podiam ajudar. Quiçá aquele pesadelo pudesse acabar. Que bom seria poder despertar daquele incômodo e se aliviar com uma outra realidade. Mas aquela era a sua. Só uma bala, daquela salvadora arma teria a capacidade de terminar com aquela pena. Que fiz para merecer tal punição? Não fizera nada. E por não ter feito nada, que ela o tinha deixado. 

TEXTO - André Ranzatti    

Um comentário:

  1. Ficou bem legal, Andrézão! Principalmente a capa do livro com o link para comprá-lo! Talvez se você trocar os links que estão em azul por vermelho o layout fique ainda melhor. Olha a responsabilidade: pelo menos eu e Lá vamos ler diariamente... hehehe... Esse está muito bacana, a começar pelo título. Abraço!

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