30 de jul. de 2009

Meu Lugar No Céu

Depois de relaxar por outros ares, voltei para Terra Brasilis e assistindo o noticiário sobre Presidente, Senadores, caso Sarney entre outras pataquadas de nosso Brasil, me lembrei deste texto que havia escrito num passado não muito distante.

Anderson era um rapaz simples. Foi criado pela mãe. O pai havia sido assassinado antes de seu nascimento. Mãe e filho eram moradores de uma favela numerosa de São Paulo. Dona Francisca e seu filho passaram por muitas provações ao longo dos anos. O garoto tina gana em estudar, mas a escola mal tinha aulas. Ele queria trabalhar, mas a falta de conhecimento o impedia de conseguir um trabalho digno. Num dia de quase desespero, onde a fome imperava, o frio cortava sua pele, a falta de expectativa batia a sua porta, Anderson estava caminhando pelas ruas de seu bairro quando ouviu uma manifestação que vinha de um galpão. Curioso, esticou o pescoço e olhou para dentro. Uma dezena de rapazes, provavelmente de sua idade, ouviam um senhor que tinha controle sobre as palavras. Alguém de dentro do galpão acenou para que ele entrasse. Anderson nunca foi muito adepto a cultos, mesmo tendo como obrigação acompanhar a mãe semanalmente nos cultos de uma igreja caça níquel, mas um ímpeto o fez entrar. Na verdade, ele acreditava em Deus, e confiava piamente que este último um dia os ajudaria a sair daquela difícil vida.
Hoje, Dona Francisca está ao seu lado, e eles estão elegantemente trajados, na medida do possível. Estão no saguão do Aeroporto Internacional de Guarulhos. Dona Francisca nunca ouvira falar naquele país em que o filho passaria exatos quatro meses. Afeganistão. Quando a hora do embarque chegou, Anderson emocionado, beijou sua mãe. Mais dois rapazes que ele conhecera no culto eram seus companheiros de viagem.
O tempo até que passou com alguma rapidez. Quatro meses passaram e os rapazes já estavam de volta. Aproximadamente um mês após o retorno, Anderson contou a Dona Francisca que iria para Brasília. O senhor que era hábil com os vocábulos lhe pediu que fizesse um serviço no Distrito Federal. Dona Francisca enfim, respirou aliviada, acreditando que seu filho encontrara rumo na vida.
Surpresos ficaram todos os vizinhos de Anderson quando ligaram seus aparelhos de televisão e viram a cena que estarrecia a nação. O Congresso Nacional destruído, não havia ficado tijolo em pé para se contar a história. O jornal, em edição especial, dizia não oficialmente, que duzentos parlamentares estavam no recinto no momento da explosão. ´Ninguém havia sobrevivido ao ataque. Não se sabia o que havia acontecido. Dois dias após ao ataque, aquele senhor, o sábio com as palavras, era preso no galpão em que Anderson havia entrado seis meses atrás.
Seu Fernando era um empresário aposentado muito descontente com a situação do país. Tivera a idéia de matar os parlamentares, mas não havia encontrado coragem. Daí a idéia de aliciar jovens sem expectativas, sem esperança e manda-luz aos campos de treinamento da Al-Quaeda. A Anderson, seu Fernando havia prometido um lugar no céu. O jovem, ingenuamente, acreditou na oferta e se explodiu no meio do Congresso Nacional.
Hoje, as viúvas de tais distintos parlamentares criaram uma ocupação para que encontrassem forças para continuar a vida sem depender do erário público. Elas próprias trabalham, ilegalmente, em uma rede de prostituição no Distrito Federal que atende os novos deputados, senadores e ministros que serão explodidos por um dos colegas de Anderson.

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