27 de jul. de 2010

Saudade

Amanhã fará exatos três meses que minha melhor amiga nos deixou. Por muitas vezes é dolorido olhar para a nossa foto que mantenho no meu quarto. Tem alguns simples momentos do dia a dia que me fazem lembrar dela. A minha amiga. Ela, que conhecí ainda menino. Crescemos juntos, descobrimos coisas juntos. Dividimos tantas alegrias, risadas, choros e bobagens. Era tão bom saber que algúem me compreendia, irrestritamente. "Hoje quero furar o chão" - ela dizia para mim quando queria sair para dançar. E dançávamos a noite inteira, até que nossos exaustos corpos pediam para ir embora. São tantas lembranças, que talvez seria melhor escrever um livro. Lembranças de uma amizade forte, engrandecedora, livre e cheia de amor. Agora, resta aprender a domar a saudade, lidar com o espaço deixado por ela, e seguir com seu lindo sorriso guardado em minha memória.

Saudade, minha linda Fê.

15 de abr. de 2010

Agradecimento

Depois de um tempo sem frequantar o consultório da minha psicanalista, uma vez que ela me dispensou, acredito por mérito meu, e não por estar de saco cheio de mim, escrevi um texto para ela que achei em um cd onde gravo alguns dos meus escritos. Foi bom lembrar este texto, e até me deu um pouco de saudade de cavucar os terrenos mais profundos que habitam dentro de mim.

Conhecer a si mesmo. Conhecer suas próprias entranhas. Conhecer seus monstros, mesmo ao olhar no espelho. Diagnosticar desejos, raivas, virtudes e defeitos. Ter o entendimento do profundo, do raso, do belo e também do horroroso que habita em nós. Deixar a música te tocar, as imagens devorarem sua retina, os odores entrarem sem pedir licença. Permitir o choro, o desespero, a alegria, a felicidade, por mais efêmera a vida. Orgulhar-se daquilo que é puro, e não ter vergonha de ser você mesmo. Não acreditar na plenitude, não almejar a perfeição. Acreditar naquilo que é, e pronto. Negar as convenções, sorver os pequenos momentos de êxtase. Não achar que a vida é algo difícil, aprender a rir de si mesmo, do mundo, não se levar tanto a sério. Cuidar de quem está perto, dar-lhe colo. Puxar orelhas. Chorar, chorar, chorar. Entender a dor e não esquecer que ela pode ser, inconscientemente, uma de suas melhores amigas. Amar, amar, amar. Amar com a mais pura alma. Amar com todos os sentidos. Deixar a paixão chegar e não afastá-la. Estas são muitas das coisas que você me ensinou. Obrigado por acreditar em mim. Obrigado.

25 de fev. de 2010

Preciosa

Todo início de ano é a mesmo coisa. Vou ao cinema quase todo final de semana para conferir os indicados ao Oscar. Tudo bem que o Oscar premia na maioria das vezes os filmes mais comerciais, os astros e estrelas mais bonitinhos, e não necessariamente os mais talentosos, mas mesmo assim, me jogo nas salas de cinema para assistir e definir, nem que seja para mim mesmo, para quem acho justo entregar as estatuetas douradas. Não lembro bem se lí uma matéria no jornal ou se ouvi algum comentário sobre o papel da atriz e apresentadora de Tv americana M'onique no filme preciosa que dizia ser um dos piores papéis femininos na história do cinema. Pior no sentido de ser um ser humano ruim, que desperta ódio, nojo na platéia. Achei que poderia ser um comentário muito forte, talvez duvidei de primeira, mas fiquei mais interessado no filme. Após sair do cinema concordei em número, gênero e grau com aquilo que havia ouvido ou lido. O papel de M'onique é de arrepiar. Causa espanto e ao mesmo tempo encanto. Encanto pois não queria que ela saísse de cena por nenhum minuto. Espanto por ver a natueza humana tão exposta, tão revelada, e espanto maior por acreditar que aquela mulher existe e vive bem perto de qualquer um de nós. Que o Oscar premie a performance de M'onique, pois assim estarão agraciando uma atriz de verdade.